O Dia Nacional do Samba é comemorado neste domingo (2). O Samba é considerado a música nacional do Brasil, atingindo todas as regiões do país. O gênero musical está presente nas escolas de samba, nos blocos carnavalescos, rodas de samba e de choro. 
Desfile do Carnaval 2018 (Foto: Léo Queiroz Fotografias)

Em meio a uma das maiores crises já vistas, o carnaval está sendo um dos grandes prejudicados.Com o atraso do repasse das verbas da Prefeitura do Rio, sem o patrocínio da Uber e também do supermercado Guanabara, as escolas de samba procuram outros meios para tentar driblar a crise e botar o seu carnaval na Sapucaí.
Cantor Dudu Nobre (Foto: Reprodução/Instagram)
Um dos grandes sambistas, compositor e cantor Dudu Nobre fala o que o samba significa na sua vida.

“ O samba é minha vida, minha razão de ser. No samba conquistei tudo na minha vida. É muito importante a união dos sambistas para vencermos esse momento de adversidade”, declarou o cantor.


Rainha da Mocidade Independente
de Padre Miguel e da Vai Vai,
Camila Silva
(Foto: Reprodução/Instagram)
"Eu desde menina me encantei com o samba e com o passar dos anos quando passei a vivenciar mesmo e ver o quanto dedicamos nossas vidas, o quanto damos amor e principalmente o quanto abdicamos de tudo para defender nosso pavilhão, passei a ser uma pessoa muito mais consciente do papel social que o samba tem.
Não é só a alegria, não é só a festa. É maior, é o poder de transformação.O povo do samba é em sua maioria pobre, sem perspectivas e marginalizado e no samba encontramos nosso acalanto. No samba podemos sonhar e ter a nossa auto-estima renovada para sermos sim o que quisermos e a mesma força que defendemos nosso pavilhão pode ser usada como alavanca de luta," contou a rainha Camila Silva.

Intérprete Celsinho Melody (Foto:Reprodução/Instagram)

O intérprete da Paraíso do Tuiuti e da Acadêmicos do Tatuapé, Celsinho Melody conta a importância do Dia do Samba.

“O samba é uma arte que brota dentro do coração. O samba é arte do povo brasileiro. É muito importante esse dia de resistência, de estabelecimento da força da nossa cultura. O samba floresce no fundo dos nossos quintais. Hoje em dia ele incomoda os grandes palácios do Brasil. Sou muito feliz em ser sambista. O dia de hoje é muito importante para que sempre lembre que ser sambista é ver com os olhos do coração.”


Porta-bandeira Dandara Ventapane
(Foto:Pablo Jacob/ Agência O Globo)
Neta de Matinho da Vila, sobrinha da Mart'nália e filha da Analimar, a porta-bandeira, Dandara Ventapane, está indo para o seu terceiro ano consecutivo defendendo o pavilhão da União da Ilha do Governador.

“Samba para mim é filosofia de vida. É diversão, é minha cultura, é meu trabalho e minha reza. Temos que nos conscientizar e nos mobilizar em prol do que é nosso. É essencial e é urgente que defendemos a nossa bandeira, ” explicou.
 
Intérprete Emerson Dias (Foto:Bruna Brum)
"O Samba é um patrimônio cultural do nosso país. Eu fico muito triste quando um político demagogo que rotula o carnaval como desperdício de dinheiro e de pessoas menos conceituada. Infelizmente tem gente que apoia esse discurso de escola, hospital, educação quando na verdade isso é OBRIGAÇÃO.  Mas somos resistência e tudo que é ruim também passa", contou o intérprete do Salgueiro, Emerson Dias


A paixão pelo samba da porta-bandeira da Unidos da Tijuca, Raphaela Caboclo começou quando era criança.

“O samba para mim foi e é uma grande escola. Não somente pelo meu ofício como porta-bandeira, mas, como me atrevi a pertencer a esse universo ainda criança, acabei crescendo e construindo os meus valores como pessoa. Sobre respeitar, ser resiliente e responsável. Eternamente grata pelas oportunidades e amigos que ele me trouxe, que eu com certeza não teria se fosse uma pessoa "normal””, contou.
 
Porta-bandeira Raphaela Caboclo
(Foto:Bruna Brum)
 A porta-bandeira, Raphaela Caboclo falou sobre a crise que o Carnaval está enfrentando.

“Entendo que estamos em meio à uma crise financeira e dentro da administração pública existam prioridades em face da festa - extremamente lucrativa, mas ainda sim uma festa-. Porém o sambista precisa exercer sua cidadania, se posicionar e exigir prestações de contas. Muito me entristece em pleno 2018 ver como somos preteridos, marginalizados.
O ritmo que tanto contribuiu e contribui para nossa sociedade, capaz de ensinar a história do Brasil com seus versos, orientar crianças a seguirem um caminho digno, diferente da realidade que vemos nas comunidades do Rio (por exemplo); que é o sustento de inúmeras famílias; responsável pela produção da maior festa popular a céu aberto do mundo e como tal, dá um retorno exponencialmente maior à cidade do que recebe da mesma... 
Não vimos o investimento da verba que nos foi tirada esse ano, o que também não justifica o tratamento que nos tem dado.

Merecemos respeito! Agonizamos, mas não morreremos!”